segunda-feira, 2 de março de 2009

Primeira aula de Projecto II. O sistema contemporâneo. O realismo.
O professor começa a debitar frases atropeladas sobre a realidade, sobre o tempo e o espaço, sobre a liberdade, sobre o Universo. Reduz estes conceitos aquilo que a ciência diz deles. Lê uns textos quadrados e matemáticos. Diz que nunca iremos ser livres. Assume tudo isto como a verdade, sem colocar aspas ou considerar esta verdade como a opinião de alguém.
O que eu penso enquanto o oiço? Tempo não existe, espaço é uma ilusão, verdade não é única, e eu sou livre porque crio a minha própria realidade. Depois penso "Estou tramada." Hipocrisia do sistema de ensino. Contem-me as histórias que quiserem, mas não me peçam para acreditar em tais coisas, a meu ver tão ocas e desinteressantes.
Eis que a Personagem nº3 (termo nada malicioso; pelo contrário) da Faculdade de Belas Artes se levanta e se dirige para a saída da sala. O professor pergunta-lhe o nome, ele responde. O professor pergunta se fez Projecto I, ele diz que não foi ao teste. E depois de encher o peito de ar, diz: "Vou ser sincero. Quando esta cadeira tiver alguma coisa a ver com Projecto, eu volto. Até lá, boa tarde." E sai. O professor fica perplexo. Entretanto ri-se e diz algo a seu favor. E o rapaz ao meu lado faz uma pergunta sobre o milho, pois era disso que ele falava antes do incidente. E o professor retoma o estranho raciocínio, responde, e safa-se daquele sentimento.
Arte pode ter muito a ver com metafísica, também acho que sim, mas se ele quer dar aulas relacionadas com esse tema, que faça como o anterior professor de Projecto: que nos leve para a cisterna da faculdade e nos proponha uns momentos de meditação. Que nos alicie a descobrir quem somos e qual o rumo do nosso trabalho. Mais, que nos incentive a encontrar a nossa verdade. Mas que não nos venha dizer que toda a arte provém da necessidade de exteriorizar o sentimento frustrado que é não sabermos quem somos.... Existe certamente um modo mais simpático e menos fatalista de abordar a questão...

3 comentários:

João Rolaça disse...

Bem, estou de boca aberta! para já, não me lembro quem é o N.º 3, nem quem é o professor de projecto,ou é o mesmo? Também acho que foi muito bem mandada essa do N.º 3! Muito boa mesmo! E até acho que é verdade, pois realmente, se é o professor que eu conheço, ajusta-se muito bem! Grande cena mesmo! lol

Beijinhos

João

Ana disse...

Lol. O Nº3 é o alto de cabelo comprido, não confundir com o nº1 master :) é tanta informação nova que a antiga já nem se nota!
E sim, é o mesmo professor, o que conheces. E a aula hoje não foi muito diferente... alguém perguntou 'Afinal, o que é o Realismo?' ao que ele responde que não consegue definir, pois define-se apenas por comparação. Então uma rapariga faz uma longa afirmação, sendo essa a ideia dela de Realismo, ao que ele responde 'Sim, realmente acabaste de abordar a questão fundamental que remonta ao Realismo'. Ou seja, tivesse eu escrito o que a jovem disse, já que resumiu perfeitamente o conceito de Realismo, e não andava a procurar resposta para essa questão enquanto ouvimos e tentamos decifrar a história da construção do Padrão dos Descobrimentos...
Beijinhos :)

João Rolaça disse...

AAAAHHHH!!!O número 3 fez mesmo isso? Agora que sei quem ele é, a história muda tanto, mas tanto! Que cena!

Bem, boas aulas!

beijinhos

João